Filtração Lenta
“A filtração lenta é uma tecnologia para a purificação de água utilizada há séculos e ainda considerada eficiente. Em sistemas desse tipo a água é introduzida no filtro com baixas taxas de filtração (entre 3 e 12 m³/m².dia), o que permite o tratamento principalmente por meio das atividades biológicas. Esses sistemas também são reconhecidos por sua simplicidade na construção e operação, por poderem ser utilizados recursos locais e de não precisar de dosagem de produtos químicos. (GIMBEL et al., 2006; LANGENBACH et al., 2010; SÁ et al., 2004)
Estima-se que essa técnica é a mais antiga para o tratamento de água e que perdeu espaço devido ao aparecimento de tecnologias mais avançadas e com a necessidade de menores áreas para implementação. No entanto, atualmente é utilizada principalmente para a potabilização de água em comunidades que não têm acesso a sistema público de abastecimento, onde a instalação e operação dessas é algo inviável. Assim, a filtração lenta torna-se interessante por ser de fácil operação, pois geralmente não demanda de dosagem de produtos químicos, apenas a cloração para desinfecção final da água. (BRASIL, 2011; LOGSDON, G. et al., 2002)
Pesquisas apontam que apenas com a utilização de tratamentos de água a nível familiar em comunidades que não possuem acesso ao sistema público de abastecimento, reduz significativamente o risco da incidência de diarreia. (CLASEN et al., 2006; FEWTRELL et al., 2005). Estima-se que aproximadamente 1,8 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo tem a morte relacionada à diarreia, sendo crianças as mais vulneráveis (WHO, 2004), justificando-se então a aplicados dos filtros lentos, por se tratar de uma técnica que melhora significativamente a qualidade da água em termos bacteriológicos, relacionando-se então com a mitigação de ocorrência das doenças infecciosas. (STAUBER et al., 2012)”
Autor: Fernando Hymnô de Souza (Extraído do Trabalho de Conclusão de Curso pelo programa de graduação em Eng. Sanitária e Ambiental)
Artigos relacionados:
Tratamento de Água com Cianobactérias: Filtração Lenta (PIBIC)Referências citadas no texto:
BRASIL. Portaria MS No 2914. 2011.
CLASEN, T.; ROBERTS, I.; RABIE, T. Interventions to improve water quality for preventing diarrhoea. Database Syst Rev, n. 1, 2006.
FEWTRELL, L.; KAUFMANN, R. B.; KAY, D. et al. Water, sanitation, and hygiene interventions to reduce diarrhoea in less developed countries: a systematic review and meta-analysis. The Lancet infectious diseases, v. 5, n. 1, p. 42-52, jan 2005.
GIMBEL, RR. P. IN S. S. AND A. B. P.; GRAHAN, N. J. D.; COLLINS, M. R. Recent Progress in Slow Sand and Alternative Biofiltration Processes. 1st. ed. Padstow: International Water Organization, 2006. p. 581
LANGENBACH, K.; KUSCHK, P.; HORN, H.; KÄSTNER, M. Modeling of slow sand filtration for disinfection of secondary clarifier effluent. Water research, v. 44, n. 1, p. 159-66, jan 2010.
LOGSDON, G.; KOHNE, R.; ABEL, S. Slow sand filtration for small water systems. Journal of Environmental Engineering and Science, v. 348, p. 339-348, 2002.
SÁ, J. C.; CELIA, C.; BRANDÃO, S. Influência do diâmetro efetivo da areia na eficiência da filtração lenta no tratamento de águas contendo Microcystis aeruginosa. Lloydia (Cincinnati), v. 518, 2004.
STAUBER, C. E.; PRINTY, E. R.; MCCARTY, F. A; LIANG, K. R.; SOBSEY, M. D. Cluster randomized controlled trial of the plastic BioSand Water filter in Cambodia. Environmental science & technology, v. 46, n. 2, p. 722-8, 17 jan 2012.
WHO. Guidelines for drinking-water quality. 4th. ed. Genebra: World Health Organization, 2004. p. 564